VIVA A VIDA!
Atmosfera pode ser algo que se cria, ou constrói
ou simplesmente chega como a brisa da manhã sem pedir licença, instalando-se
para ser percebida, sentida e vivida em sua plenitude.
E foi numa atmosfera colorida, perfumada e leve que
despertei para o primeiro dia de 2015. Seguindo o aprendizado vivido já a
alguns anos pela generosidade de meu amigo e terapeuta, Vinicius Francis, hoje
seus ensinamentos amanheceram com um sabor especial. O sabor do processo, da
jornada, da estrada que o estar em si percorre.
Trabalhar nosso Ser, como único e conexo com o
Universo é um processo a ser introjetado, percebido e assumido para ser vivido
em excelência.
Já a um tempinho, venho trabalhando tudo o que
pode me levar a este caminho. E como todo trabalho, dá trabalho, faz-se
necessário perceber cada detalhe, onde há gargalos e como saná-los.
A noite da “virada” foi tensa, pelo prisma dos
contrastes. Meu mega Power celular android, que serve como ferramenta de
trabalho, entretenimento e comunicação, caiu no vaso sanitário. Sim, poderia
inventar uma história glamorosa e dizer que mergulhou nas águas do mar ou numa
luxuosa piscina. Mas não, o safado, por meu descuido, mergulhou na privada.
Fotos, contatos, vídeos, músicas e a praticidade
de sua funcionalidade altamente tecnológica de repente geraram um desespero
terrível que gelou meu corpo inteiro. Como já vivi isso antes, mesmo que com um
aparelho menos top, já tinha certa noção dos primeiros socorros. Mas era noite
de Ano Novo... Como desligar tudo, tirar chip, memória e bateria e ficar
incomunicável com os entes queridos, numa data tão especial? Momento decisivo.
Ou isso, tentando eliminar a umidade que se instalou em suas engrenagens com
secador de cabelo, arroz e sol pela manhã seguinte, ou arriscar usá-lo por
alguns momentos e perdê-lo para sempre. Optei pela paciência e bom senso e meu android continua na UTI, aguardando uma reação que torço para ser positiva.
Fora isso, os fogos de artifício pipocando pelo
condomínio e desesperando meus cães, era outro fator de tensão. Prata ofegante
parecia ter corrido a São Silvestre e mantinha um olhar de terror. Cézar corria
e latia de um lado a outro e tentava atravessar a porta de vidro para entrar em
casa, mas com Prata e Malu refugiadas no quarto, impossível...
E eu ali, firme, amenizando o sofrimento deles
pelo barulho dos fogos, na certeza de que essas horas passariam logo e tudo
voltaria ao normal. Quanto ao celular, também exercitei a paciência e sublimei.
Abri meu Lambrusco com direito a estouro de rolha,
saboreei minha sopa de lentilhas e depois o peixe de Carolina Ferraz com arroz
grego. Mais tarde, coloquei a roupa de cama nova e deitei assistindo TV até
adormecer.
Acordei às seis da manhã com vozes e buzinas em
alguma casa próxima. Olhei o relógio e ainda era cedo para levantar. Às sete
horas, sai do leito e vi aquele sol lindo, ouvi os pássaros em sua sinfonia
matinal maravilhosa e dei bom dia para Prata que parecia totalmente refeita.
Fui à varanda, saudei 2015 e Cézar que já estava mais calmo. Por fim, soltei
Malu de seu quarto.
E nessa atmosfera tranquila e quase poética, o
perfume do café invadiu a casa e dividi mais esta refeição, com sabor de
serenidade, na alegre e deliciosa companhia de Prata e Malu a me olharem com
amor, o mesmo amor que as devolvo constantemente.
Mas algo, além de tudo isso, se mostrou fascinante
nesta primeira manhã do Novo Ano. Uma Márcia que gostei de ver no espelho.
Semblante leve e renovado, dona de si, ciente do que está à sua volta e
principalmente do que se passa em seu todo como ser único. Repaginada?
Renovada? Talvez... Mas certamente esta é a Márcia que gosto de ver e ser.
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