domingo, 8 de fevereiro de 2015

Constante aprendizado

Quando nos alinhamos ao BEM, estamos abertos às BÊNÇÃOS

Ontem, 07 de fevereiro, Prata completaria sete anos de vida terrena ao meu lado,
Foram muitos dias, semanas, meses e anos contados nesse tempo que nos serve de referência. 
Ela veio com a missão de ser guia de cegos e eu tive a missão de socializá-la, preparando-a 
para tal. No meio do caminho, descobrimos que tinha displasia coxo-femural, problema congênito
que impede os cães escolhidos de guiarem deficientes visuais ou prestarem outros serviços
que exigem muito de sua estrutura física.
E como sua família hospedeira, tive o privilégio de adotá-la definitivamente. 
Assim, Pratinha passou a integrar a matilha de mais seis cães e a pequena família de Márcia e
Renan Mosmann. Mudou algumas vezes, participou da ida para Arraial d'Ajuda e curtiu as
caminhadas na praia comigo e Sarita. Tinha um sorriso permanente no semblante leve e sereno
naquele corpo gorducho de labrador. Era gentil com qualquer ser vivo, desde pássaros até os
mais diversos tipos humanos com os quais conviveu ou esporadicamente cruzou na estrada da vida.


Aprendi muito com todos os animais que convivi e continuo nesse aprendizado ao lado de Malu e Cézar, remanescentes da "família animal" que me acompanha nesta jornada terrena.
Sempre comentei com meu amigo e terapeuta Vinicius Francis que Prata era a manifestação do BEM, vórtice em forma canina. Se chovia estava tudo bem, nos dias ensolarados, também. Adorava mangas e as comia sem limites se estivessem ao seu alcance. 
Testemunhou a partida de Honney, que adormeceu aos 19 anos, em Arraial, acompanhou os AVCs de Marietta e chorou seu apagar logo que retornamos da Bahia. Certamente percebeu quando Lisbela se foi, ainda jovem, por conta de uma cirrose hepática. Toquinho, já com 13 anos apagou e foi reanimado por mim, mostrando-me que somos capazes de tudo quando amamos, mas o levei para a clínica e de lá não voltou, partindo também. Por fim, ficaram Cézar, Sarita e Prata. No final de 2013, a gatinha Malu foi se chegando em nosso lar, até infiltrar-se definitivamente com seus quatro filhotes sem medo de ser feliz e dos três cães da casa. Os bebês foram para adoção e Malu nos mostrou que confiança é algo que se conquista. Foi adotada e aceita por Sarita e Prata.
Em agosto do ano passado, Sarita passou por duas vertigens quase desfalecendo e logo a levei para o CEV Centro de Especialidades Veterinárias, onde após vários exames, Dr. Vanderlei descobriu um tumor na adrenal. Algo cuja uma possível solução, porém arriscada, seria uma delicada cirurgia. Não houve tempo para tal e talvez por decisão individual da própria Sarita, ela se privou de sua quinta cirurgia (foram diversos desafios pelos quais passou e venceu) e partiu por si só.
Depois disso, a luz que iluminava o sorriso constante nos olhos e por todo corpo de Prata, ofuscou-se. Ela continuou sendo aquela doce cadela, amiga e companheira, mas algo a fazia caminhar por um fio tênue entre o ficar e o seguir para reencontrar Sarita, sua inseparável irmã de alma e coração.
E sem entrar em detalhes médico veterinários sobre o processo que culminou em sua partida, ela se entregou à uma caminhada provavelmente por ela desejada, Até os médicos e todos os exames para constatar o que lhe acometia se confundiram num mistério sem fim.
De minha parte, fiquei com ela em cada instante, apoiando de todas as formas, conhecendo pessoas que me ajudaram na tentativa de proporcionar-lhe a melhor qualidade de vida possível. Mas ela se foi. Uma partida doída para mim e que ao mesmo tempo, mais uma vez foi um grande aprendizado.
Hoje, passados dez dias de minha despedida de Prata, posso afirmar que estou bem, Há momentos em que a ausência lembrada por cheiros, partes da casa, o olhar de Malu procurando-a ou simplesmente imagens que vem e vão de nossa convivência, cortam como navalha e dói um tanto. 
E por isso mesmo, há dois dias, pedi a Deus, antes de adormecer, em minha prece noturna, que gostaria de ter a certeza de que Prata está bem. Pois o desejo e os ensinamentos que recebo constantemente por cultivar uma postura espiritualizada, me fazem crer que seu caminho só possa ser o de luz, mas eu queria uma certeza mais visceral.
E assim fui atendida com uma bênção imensurável, "Sonhei" que a encontrava em uma sala, sózinha, deitada em uma mesa e começava a tocá-la. Notei que as feridas e nódulos que se espalharam por seu corpo físico antes de morrer, já não existiam. Senti seu pelo e a acariciei com muito amor. Uma felicidade indescritível tomou conta de mim e ela levantou-se, descendo da mesa, abanando o rabo e com a vitalidade de uma filhotona me sorriu, afastando-se e seguindo por um caminho que só me deu a certeza de seu bem-estar.
Despertei do "sonho" e ainda tinha o calor de seus pelos e de sua pele em minha mão, inclusive seu cheiro. Tive a certeza de que fui atendida em minha prece e maravilhosamente abençoada, pois agora sei que está bem e trilhará o caminho espiritual sem as mazelas pelas quais passou nos últimos dias de vida terrena.
Sua ausência ainda dói? Sim, mas é uma dor mais leve que logo se transformará em  saudade e lembranças da agradável e amável convivência que Prata e todos os outros animais que passaram por esta minha existência, deixaram. Mas além disso, tudo confirma a impermanência da VIDA e que se estamos alinhados com o sentido verdadeiro da existência, não é preciso temer a morte e sim exercitarmos o desapego e alimentarmos a grande e real certeza de que em algum momento, haverá o reencontro com os seres que nos foram tão ricos. 
Obrigada Prata, por me ensinar tanto a ser um ser melhor.




quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

BEM VINDO 2015


VIVA A VIDA!

Atmosfera pode ser algo que se cria, ou constrói ou simplesmente chega como a brisa da manhã sem pedir licença, instalando-se para ser percebida, sentida e vivida em sua plenitude.
E foi numa atmosfera colorida, perfumada e leve que despertei para o primeiro dia de 2015. Seguindo o aprendizado vivido já a alguns anos pela generosidade de meu amigo e terapeuta, Vinicius Francis, hoje seus ensinamentos amanheceram com um sabor especial. O sabor do processo, da jornada, da estrada que o estar em si percorre.
Trabalhar nosso Ser, como único e conexo com o Universo é um processo a ser introjetado, percebido e assumido para ser vivido em excelência.
Já a um tempinho, venho trabalhando tudo o que pode me levar a este caminho. E como todo trabalho, dá trabalho, faz-se necessário perceber cada detalhe, onde há gargalos e como saná-los.
A noite da “virada” foi tensa, pelo prisma dos contrastes. Meu mega Power celular android, que serve como ferramenta de trabalho, entretenimento e comunicação, caiu no vaso sanitário. Sim, poderia inventar uma história glamorosa e dizer que mergulhou nas águas do mar ou numa luxuosa piscina. Mas não, o safado, por meu descuido, mergulhou na privada.
Fotos, contatos, vídeos, músicas e a praticidade de sua funcionalidade altamente tecnológica de repente geraram um desespero terrível que gelou meu corpo inteiro. Como já vivi isso antes, mesmo que com um aparelho menos top, já tinha certa noção dos primeiros socorros. Mas era noite de Ano Novo... Como desligar tudo, tirar chip, memória e bateria e ficar incomunicável com os entes queridos, numa data tão especial? Momento decisivo. Ou isso, tentando eliminar a umidade que se instalou em suas engrenagens com secador de cabelo, arroz e sol pela manhã seguinte, ou arriscar usá-lo por alguns momentos e perdê-lo para sempre. Optei pela paciência e bom senso e meu android continua na UTI, aguardando uma reação que torço para ser positiva.
Fora isso, os fogos de artifício pipocando pelo condomínio e desesperando meus cães, era outro fator de tensão. Prata ofegante parecia ter corrido a São Silvestre e mantinha um olhar de terror. Cézar corria e latia de um lado a outro e tentava atravessar a porta de vidro para entrar em casa, mas com Prata e Malu refugiadas no quarto, impossível...
E eu ali, firme, amenizando o sofrimento deles pelo barulho dos fogos, na certeza de que essas horas passariam logo e tudo voltaria ao normal. Quanto ao celular, também exercitei a paciência e sublimei.
Abri meu Lambrusco com direito a estouro de rolha, saboreei minha sopa de lentilhas e depois o peixe de Carolina Ferraz com arroz grego. Mais tarde, coloquei a roupa de cama nova e deitei assistindo TV até adormecer.
Acordei às seis da manhã com vozes e buzinas em alguma casa próxima. Olhei o relógio e ainda era cedo para levantar. Às sete horas, sai do leito e vi aquele sol lindo, ouvi os pássaros em sua sinfonia matinal maravilhosa e dei bom dia para Prata que parecia totalmente refeita. Fui à varanda, saudei 2015 e Cézar que já estava mais calmo. Por fim, soltei Malu de seu quarto.
E nessa atmosfera tranquila e quase poética, o perfume do café invadiu a casa e dividi mais esta refeição, com sabor de serenidade, na alegre e deliciosa companhia de Prata e Malu a me olharem com amor, o mesmo amor que as devolvo constantemente.
Mas algo, além de tudo isso, se mostrou fascinante nesta primeira manhã do Novo Ano. Uma Márcia que gostei de ver no espelho. Semblante leve e renovado, dona de si, ciente do que está à sua volta e principalmente do que se passa em seu todo como ser único. Repaginada? Renovada? Talvez... Mas certamente esta é a Márcia que gosto de ver e ser.